quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

Padrinho Mário Rogério da Rocha

O nome da Biblioteca Mário Rogério foi sugerido por uma antiga moradora da comunidade. Este breve relato de sua Biografia deve deixar claro o motivo da escolha.


Nasceu em um seringal próximo à cidade de Brasiléia. Já maduro, foi morar na cidade de Rio Branco. Foi membro da Maçonaria e do Círculo Esotérico. Tinha uma grande cultura esotérica. Chegou a ser presidente do Cefluris, o centro fundado pelo Padrinho Sebastião Mota. Foi uma peça muito importante na expansão do movimento daimista pelos grandes centros do Brasil, pois foi ele que recebeu em sua casa a primeira leva de buscadores e peregrinos oriundos do sul do país.
À medida que afluíam cada vez mais visitantes de outros cantos do Brasil para a cidade de Rio Branco, a Caminho do Mapiá, tornava-se ainda mais importante o papel de Mário Rogério da Rocha para a comunidade - pois ele recebia os peregrinos em sua residência na capital acreana. A casa humilde, mas dotada de vasta biblioteca de obras esotéricas e espiritualistas, na Rua Epaminondas Jácomi, à beira do rio Acre, consituía o principal ponto de encontro da irmandade antes de entrar floresta adentro.
Era membro da Maçonaria e do Círculo Esotérico da Comunhão do pensamento, ligou-se ao padrinho Sebastião na época em que ele iniciava seus trabalhos na Colônia Cinco Mil e tornou-se o segundo presidente do Cefluris. Coube a ele, apesar de doente, recepcionar e acompanhar a delegação do Confen em sua visita ao Céu do Mapiá. A viagem não teve retorno: no dia 4 de agosto de 1986, logo após a saída das autoridades, o Padrinho Mário Rogério faleceu.
Um pouco do Padrinho Mário, extraído do Livro das Mirações do Pad. Alex Polari :
"O Padrinho Mário, alguns dias depois, sintetizaria meus pensamentos de uma maneira muito clara. Diria ele :
- Quando tomei Daime pela primeira vez aconteceu uma coisa muito séria. O homem que foi nunca mais voltou.
E arrematando com o seu risinho:
- É o que sempre digo aos meus irmãos: só se toma Daime uma vez.
Padrinho Mário. Por enquanto, eu o conhecia apenas através das referências, cheias de afeto e respeito, de Rama e André que já estiveram no Acre no ano anterior. Estávamos jantando, quando ele chegou. O encontro já estava programado. Seria uma apresentação formal. Afinal de contas, íamos ficar na casinha dele, na Colônia.
Difícil descrever a impressão do encontro. No dia seguinte, eu escrevi assim:
- O bruxo chegou, lá pelas sete horas e meu relógio ainda marcava nove. Não sei se por causa da diferença do fuso ou por fruto de uma de suas bruxarias. Fui tomado integralmente por aquilo que se convenciona chamar de "amor à primeira vista". Uma aura de serenidade se espalhava pela sala. Uma nova modalidade de pai começava a surgir ali, naquele momento, diante dos meus olhos. Na primeira vez que meus olhos bateram no Padrinho Mário, tive a impressão, por alguns segundos, de estar diante de um pequeno gnomo: Baixinho, nariz meio curvo, as orelhas muito grandes e dois dedinhos que ressaltavam dos demais, quando ele ria seu risinho predileto, uma espécie de gargalhada contida e ritmada, seguida de um silêncio, quando punha seus olhos no da gente até esse olhar atravessar o corpo e se fixar em algo invisível para os meus próprios olhos.
Se eu já tivesse lido nessa época o "Senhor dos Anéis", não teria a menor dúvida em responder os cumprimentos que ele me fez, naquela noite:
- Encantado em conhecê-lo, Sr. Bilbo Bolsim!
Depois das apresentações, simpatias e apreensões, todos rumamos para o escritório onde fomos conversar. Eu, muito impressionado com tudo aquilo, consultava meus estereótipos e aguardava timidamente que o Padrinho nos brindasse com o melhor de sua sabedoria, quem sabe com seus sortilégios. Como se ele adivinhasse meus pensamentos, dava um risinho e ficava absorto em pensamentos.
Desacostumado com o silêncio, comecei a me sentir incomodado. O silêncio para mim ainda era, a essa época, a ausência de alguma coisa, e não o mais poderoso acréscimo para se ouvir além do pensamento.
Perguntei: Seu Mário, o senhor já recebeu algum hino?
Ele abriu os olhinhos devagar e me respondeu pausadamente:
- Vou dizer uma coisa, tá? Os hinos são de quem zela por eles e cumpre a doutrina. Eu me considero uma pessoa feliz porque tento cumprir tudo o que os hinos vêm dizendo. Então, todos os hinos são meus, acho que sou a pessoa que mais tem hinos.
Mais ensinos do Padrinho Mário:
- Queríamos saber se nas mirações as pessoas vêm as coisas muito parecidas?
- Comigo já coincidiu de uma vez eu ter uma miração e outra pessoa ter a mesma miração. Tá ouvindo / Houve um dia em que nós tomamos Daime, é, foi o Daniel que serviu o Daime, eu estava mirando, me lembrando de uma coisa que eu já tinha visto. E o Francisco Corrente estava recebendo um hino na mesma hora. Aí eu pensei, quando ele terminar eu vou perguntar onde ele viu isto. Quando ele terminou perguntei: Francisco, onde foi que tu viste isto? Ele respondeu: acabo de receber agora. Então coincidiu que eu estava mirando e ele recebendo o hino. Já aconteceu outras vezes.
- O senhor poderia falar alguma coisa que o senhor queria. O grande final.
- Se eu souber usar o poder, então tudo fica mais fácil para mim. Mas tem que aprender a usar, não é? Se andam procurando alguma coisa, andam perdendo tempo, se estão esperando alguma coisa, estão passando em brancas nuvens. O que existe muito em nós é fraqueza, tá ouvindo? Fraqueza é a falta de fé, de firmeza, que a gente se esquece. Outro dia estava dizendo pro Padrinho: “Padrinho, pelo que o Daime já me mostrou e já me disse, eu deveria ser outra pessoa.” Ele disse: “Eu também. Tem mais nada que esperar não. Tá tudo aqui. Falta só ver onde está.”
Quando eu tomei Daime, em poucos minutos eu senti em mim que tinha uma coisa. daqui a pouquinho, eu comecei a mirar e me lembrar. Eu via coisas, mas não conseguia me lembrar. E eu dizia: "Eu já vi isso, mas não me lembro onde". Aí eu andava tomando, aí me deu vontade de vomitar e eu fui lá fora, mirando, não é? Estava botando aquilo fora.
Eu vou dizer uma coisa, quem foi não voltou. Quem voltou foi outro. Quem foi não voltou.
- De sorte que eu não estou querendo mais nada. Tudo o que eu quero já tenho em minha mão... Nós zelamos por um segredo, sim, é segredo. Mas nós não somos egoístas, não. Agora precisa entrar pro lado de dentro. Pra deixar de ser segredo tem que estar dentro. Do lado de fora não se entende nada. De sorte que eu, que nós, estamos esperando um povo. Um povo que queria pegar essa doutrina e levar ela pra frente.
Quando sai dali, aquele dia, sentia que, realmente, estávamos com uma coisa muito séria impressa naquelas caixas de fita.
No íntimo, já estava decidido a pedir a benção para Seu Mário e reconhecê-lo como padrinho. Mas isso só iria acontecer dali a alguns meses, na expedição que fizemos ao Rio do Ouro.

Fonte: www.xamanismo.com.br

terça-feira, 27 de janeiro de 2015

No dia 12 de outubro de 2014 foi inaugurada a Gibiteca Glauco Vilas Boas


Glauco foi um grande expoente dos quadrinhos nacionais, como chargista e cartunista é reconhecido pelo trabalho na Folha de São Paulo e pelos personagens Geraldão, Doy Jorge, Dona Marta entre muitos outros, publicados desde os anos 80 na revista Circo e posteriormente em títulos próprios.
Menos conhecido pelo grande público, é seu trabalho como líder espiritual, mas que grande impressão deixou, nos que o conheceram como comandante dos trabalhos no Céu de Maria, uma das maiores igrejas da doutrina do Santo Daime em São Paulo.
A iniciativa de abrir a Gibiteca, dentro da Biblioteca Mário Rogério, é tanto uma homenagem como mais uma ação para proporcionar lazer e cultura na comunidade.


Para relembrar, uma "antigaça" do Glauco:



sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

E O GRANDE AGRADECIMENTO AOS APOIADORES



Agora damos nosso caloroso agradecimento a todos que apoiaram o projeto e doaram os livros que compõe nossa biblioteca. Se por acaso alguém não for mencionado (pois são muitos, desculpe se não lembrar algum nome!) saiba que conta com nossa gratidão pelo apoio e pelo esforço despendido.

Então vamos lá...

Para a instalação, em 2010:

  • Ao Dr. Paulo Roberto e o CIDh – Círculo Integrado de Desenvolvimento Humano (www.cidh.com.br) , pelos diversos romances e enciclopédias;
  • À Paula Valdujo, pelos estimados livros de educação ambiental;
  • À Maitê do Livro e Magia – Locadora de Livros;
  • À Dona Terezinha, escritora, por ótimos romances, inclusive uma coleção de Ficção Científica e obras em inglês;
  • Ao Wardan da Global Editora (www.globaleditora.com.br );
  • Ao Silvio Galvão (www.silviogalvao.com.br) e à Graça pelo apoio ;
  • Ao pessoal do Céu da Nova Era (www.ceudanovaera.org.br) em São Paulo, por divulgar e doar livros e roupas;
  • Ao Oswaldo do Céu do Maipá por apadrinhar a idéia;
  • Ao Roberto Santágata e amigos do Telecentro Nova Idéia (telecentromapia.blogspot.com) por receber e instalar a biblioteca;
  • Ao Marco Antônio, meu pai, e Gabriel, meu irmão, por zelarem as doações em casa;
  • Novamente à Dona Terezinha, minha avó, e seu motorista, Roberto pelo inestimável apoio na logística, e igualmente ao Alexandre da transportadora Confiance Express.


E, no ano de 2011 conseguimos mais apoiadores:

  • A Feração Espírita do Brasil (www.febnet.org.br) nos deus mais de 90 títulos;
  • A Editora Moderna (www.moderna.com.br) generosamente nos doou 5 caixas de livros;
  • A Editora Panini (www.paninicomics.com.br) pelos quadrinhos da Mônica;
  • A Editora Abril (www.abril.com.br) pelos quadrinhos Disney e pelo valioso material da Recreio;
  • O Sr. Laé de Souza e seus Projetos de Leitura (www.projetosdeleitura.com.br) pelo exemplo e 50 livros;
  • Gustavo Haruki, que tinha 2 que eram 4 “caixinhas” de livros;
  • A escriora índigo, por uma dúzia de pinguins, várias baratas e muitos outros livros legais;
  • Os amigos do Telecentro e Biblioteca que estão cosntruindo a Sala Multi-Uso;
  • Novamente o pessoal do Nova Era conseguiu caixas de livros, roupas e até um teclado para nosso movimento cultural!;
  • Igualmente agradeço o apoio de minha família e amigos em São Paulo, o grupo de teatro Bum-Chacalaka (http://bumchacalaka.blogspot.com/), e todos que se sensibilizam com o projeto;

E mais uma vez o apoio da comunidade Vila Céu do Mapiá, que recebe, ajuda, zela e usufriu. Aos professores e alunos, e uma lembrança especial a todos que ajudam nossa obra. Enfim, todos que fazem o motivo de ser do projeto.

Com este agradecimento, esta fé e este apoio, queremos trabalhar na educação e cultura do nosso povo.


quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

UM ANO E CRESCENDO!



Dia 1º. de Fevereiro a Biblioteca Mário Rogério completou um ano de funcionamento. Mesmo sem comemoração pública, só temos motivos de alegria; temos uma frequência diária, de crianças a idosos, moradores e visitantes, nosso cadastro tem mais de 60 fichas, algumas já na segunda página, o que nos permite dizer que já são centenas de retiradas (e devoluções), fora as que não são anotadas. E nos aproximamos da conclusão da obra de expansão que iniciamos no segundo semestre do ano passado.


Atualmente, a biblioteca ocupa a sala central do Telecentro Nova Idéia, mas este espaço já se tornou pequeno, visto que recebemos uma nova leva de doações (a maior parte ainda está em São Paulo esperando o espaço para acomodação). Também, com a grande frequência que a biblioteca vem tendo, um espaço para leitores e estudantes será muito bem vindo.

E esta é a deixa para uma feliz constatação da educação do nosso povo, que, além de continuar desmentindo o dito que o brasileiro (e o mapiense) não tem hábito da leitura, provou a viabilidade da primeira biblioteca “self-service”, pois muito leitores anotam suas próprias retiradas quando não há atendente.


Para o ano de 2012, nossa luta é conseguir verba para duas bolsas, para estudantes atenderem em período alternativo ao escolar, estimulando e amparando quem demonstre interesse pelos estudos, e também agindo como capacitação profissional. Agradecemos todo apoio!

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

A BIBLIOTECA MÁRIO ROGÉRIO

No dia 1o. de Fevereiro de 2011 foi inaugurada a Biblioteca Mário Rogério, no prédio do Telecentro Nova Ideia, na Vila Céu do Mapiá, Pauiní-AM. Esta é mais uma iniciativa para trazer cultura e opções de lazer de qualidade para a comunidade, reforçando nosso papel como foco de desenvolvimento humano na ocupação consciente da Amazônia Brasileira.
O Telecentro Nova Ideia já funciona desde 2004 realizando a inclusão digital na região, e uma das exigências para o funcionamento de um telecentro oficial é a presença de uma biblioteca. Mas, devido às condições climáticas e à alta incidência de pragas, muito do acervo original havia se perdido. Agora, esta nova iniciativa vem revitalizar o trabalho que já está sendo realizado na comunidade.
Para a instalação da biblioteca, foram conseguidos mais de 1000 título com particulares e editoras de São Paulo, e feita uma "basculhação" (faxina pesada, no jargão local) e dedetização do prédio, o que agora é uma prática periódica na rotina de funcionamento da biblioteca. No segundo andar do prédio funciona a Rádio Jagube, que completou 13 anos em 2011, e o provedor de internet.
No segundo semestre de 2011 conseguimos verba com particulares para a construção de uma sala multiuso anexa ao prédio, onde poderemos promover grupos de estudo, leituras, aulas, reuniões, palestras e também acomodar nova leva de doações que já recebemos, e vai dobrar o nosso acervo.

A VILA CÉU DO MAPIÁ

A Vila Céu do Mapiá, fundada em 1983, está situada nas cabeceiras do Igarapé Mapiá, a 30 km do Rio Purus, numa das áreas mais preservadas da Amazônia ocidental brasileira. Em 1990, com a aprovação da comunidade, o governo brasileiro criou a Floresta Nacional Purus numa área de 250.000 ha, tendo a vila como uma espécie de capital.


O Céu do Mapiá é hoje um exemplo de assentamento e uma referência de trabalho
socioambiental na região amazônica, apresentando melhor qualidade de vida, de saúde e educação. Desenvolve agricultura ecológica e importante pesquisa com plantas medicinais, mantém oficinas de artesanato e muitas outras atividades, além de incentivar as raízes da cultura amazônica.


Conta com aproximadamente 1000 habitantes, levando em conta assentamentos mais afastados à beira do igarapé. Este povo é formado pelos fundadores, principalmente acreanos, e por muitos que se somaram ao desenvolvimento da comunidade nestes anos. São pessoas vindas da região, igarapés próximos e da margem do rio Purus, das cidades locais, de diversas outras localidades do Brasil e da América do Sul e mesmo de outros países.

Assim, a vila soma às tradições amazônicas uma rica influência da cultura global, que aparece nas diversas manifestações artístico culturais desenvolvidas localmente. Como por exemplo a capoeira e maculelê praticada por jovens e crianças, o artesanato com produtos da floresta e de reciclagem, manifestações de dança, música e teatro e mesmo uma rádio comunitária local.
Tendo mais de 200 alunos na Escola Cruzeiro do Céu, que oferece todas as séries de estudo inclusive o segundo grau, projeto avançar e educação de adultos, a comunidade também conta com estudantes de nível superior, no projeto de educação à distância. Nossa biblioteca veio somar-se aos esforços pela educação do povo brasileiro,

A REGIÃO DO MÉDIO PURUS

Localizada no sul do estado do Amazonas, a região engloba três municípios às margens do Rio Purus; Boca do Acre, Pauini e Lábrea.

Existem muitas comunidades ribeirinhas, algumas contam com escolas e igrejas, o tratamento de saúde é feito por agentes locais e barcos de saúde, o abastecimento e acesso dependem do rio e de igarapés.

No total, são 90.000 habitantes na região, cuja economia se baseia na agricultura de subsistência e na pecuária, com o setor de serviços se desenvolvendo em algumas cidades. O Índice de Desenvolvimento Humano, considerado médio, está em torno de 0,580, bem abaixo da media do país, 0,699, considerada alta.

Como toda a Amazônia, a região é lar de uma rica cultura tradicional, indígena, cabocla e de seringueiros. Com o desenvolvimento urbano, a cultura popular de massa vem ganhando terreno no gosto dos jovens.


Nosso objetivo é estimular a produção e gosto pela cultura, incentivando as raízes tradicionais conjuntamente com elementos incorporados da cultura mundial, como parte da evolução dialética do saber e do pensar, trabalhando na formação da identidade do novo homem amazonense, com sua raiz na terra e conectado com a aldeia global.